No início, a arte da construção consistia, essencialmente, em elevar algo...
... cedo se tornou a capacidade de transformar a natureza em benefício da humanidade.

Fabulosas
as estruturas que se construíam apenas com conhecimentos empíricos e um
profundo entendimento do caminho da cargas. Esta linha de pensamento é a
base para qualquer engenheiro de estruturas e mantém-se, actualmente,
como uma ferramenta para as recentes técnicas de dimensionamento e
análise de estruturas. O rápido e recente desenvolvimento dos meios
informáticos permitiu que os modelos numéricos fossem extensivamente
aplicados nos processos de análise e, é tentador pensar, que uma boa
análise depende apenas das capacidades computacionais, do refinamento da
malha e da definição, com um rigor praticamente ilimitado, das
características dos materiais. Uma análise não se restringe apenas a um
número incontável de cálculos e de verificações! É essencial uma boa
concepção e a compreensão do comportamento global da estrutura. Os
modelos de campos de tensões são uma ferramenta que permite recuperar o
conceito da compreensão do caminho das cargas, tratando de forma
consistente e uniforme todas as regiões de betão estrutural. As
principais vantagens são:
- é um método gráfico, permitindo a
visualização do caminho das cargas e uma compreensão, sem precedentes,
do comportamento estrutural (antes de se efectuar qualquer tipo de
análise);
- sendo estabelecida em termos de condições de
equilíbrio e de acordo com o teoria da plasticidade, em particular o
teorema estático, conduz a que carga última de dimensionamento seja um
minorante da carga de colapso;
- as zonas correntes e de
descontinuidade são tratadas consistentemente e, essencialmente, com o
mesmo rigor. De facto, a abordagem de dimensionamento, nos mais recentes
documentos técnicos e normativos, para o esforço transverso, torção,
ligação banzo/alma e outros, baseiam-se inteiramente nesta técnica;
-
tem em consideração o betão após a fendilhação e o papel fundamental da
pormenorização no processo de dimensionamento, permitindo a
determinação das quantidades e distribuições de armaduras assim com a
definição das zonas dos nós, para a verificação dos comprimentos de
amarração e dimensões dos apoios.
Apesar das reconhecidas
vantagens e dos esforços para a divulgação do método, a aplicação
prática dos modelos de campos de tensões não se encontra totalmente
generalizada. De facto, diferentes engenheiros poderão elaborar
diferentes modelos de análise e consequentemente obter quantidades e
distribuições de armaduras distintas para a mesma região. Este facto,
embora pareça, não é propriamente um inconveniente: é importante
relembrar que durante a concepção de uma solução estrutural para uma
determinada obra, são estudadas diversas soluções, e todas válidas...